CONSELHO PERMANENTE DA
ORGANIZAÇÃO DOS ESTADOS AMERICANOS
GT/CDI-9/01
20 agosto 2001
Original: espanhol
Grupo de Trabalho Encarregado de Estudar o Projeto de Carta
Democrática Interamericana
EXPOSIÇÃO DO EMBAIXADOR ODEEN ISHMAEL,
REPRESENTANTE PERMANENTE DA GUIANA JUNTO À OEA,
NAS DISCUSSÕES SOBRE A CARTA DEMOCRÁTICA INTERAMERICANA
(Apresentada ao Grupo de Trabalho, em sua sessão realizada em 15 de
agosto de 2001)
MISSÃO PERMANENTE DA REPÚBLICA DA GUIANA
JUNTO À
ORGANIZAÇÃO DOS ESTADOS AMERICANOS
Washington, D.C., 16 de agosto de 2001
Senhor Presidente:
Tenho a honra de remeter a Vossa Excelência cópia da exposição
formulada em nome do Embaixador Odeen Ishmael nas discussões da Carta Democrática
Interamericana, em 15 de agosto de 2001.
O Embaixador Ishmael, que no momento não se encontra em Washington,
D.C., solicitou que esta exposição seja distribuída a todos os Estados membros e às
Missões Observadoras Permanentes junto à Organização dos Estados Americanos.
Aproveito a oportunidade para renovar a Vossa Excelência os protestos
da minha mais alta consideração.
Donnette Critchlow
pelo
Embaixador
Representante Permanente
A Sua Excelência o Senhor
Embaixador Hernán R. Castro H.
Presidente, Conselho Permanente
Gabinete do Presidente
Organização dos Estados Americanos
Washington, D.C. , 20006
MISSÃO PERMANENTE DA REPÚBLICA DA GUIANA
JUNTO À
ORGANIZAÇÃO DOS ESTADOS AMERICANOS
EXPOSIÇÃO DO EMBAIXADOR ODEEN ISHMAEL,
REPRESENTANTE PERMANENTE DA GUIANA JUNTO À OEA,
NAS DISCUSSÕES SOBRE A CARTA DEMOCRÁTICA INTERAMERICANA
WASHINGTON, D.C., 15 DE AGOSTO DE 2001
Hoje em dia, os países das Américas estão alcançando constante
progresso na formação da Área Livre de Comércio das Américas, que será o início de
uma firme união econômica de todos os países das Américas. À medida que os povos das
Américas recebam benefícios fundamentais dessa união econômica, eles exigirão
relações mais estreitas, e atrevo-me a dizer que, antes da próxima década, os líderes
de regiões do Hemisfério estarão planejando seriamente uniões políticas regionais. É
fácil prever que, pouco tempo depois, a liderança política das diversas regiões
certamente começará a falar do que se pode denominar a União das Américas.
Mas a expansão da unidade hemisférica, econômica ou política, só
pode ser alcançada com a expansão democrática. Nossos líderes e nossos povos
reconhecem este fato, e é por isso que os líderes das Américas estabeleceram um mandato
para a elaboração de uma Carta Democrática Interamericana.
A democracia tem de se enriquecer com base na experiência de nossa
história. Hoje falamos em expandir a democracia. A própria democracia, como um padrão
de governo e um sistema de crença, tem evoluído desde que a idéia surgiu da economia
política e cultura da Grécia há quase três mil anos. Neste hemisfério, chegamos a uma
etapa em que podemos nos gabar de havermos alcançado a democracia representativa,
conforme expressada na Carta da OEA de 1948. Agora, é necessário que nossos
representantes eleitos impulsionem a democracia representativa para mais uns passos
adiante, a fim de torná-la mais qualitativa. Precisam aplicar a democracia consultiva e
participativa mediante a participação de minorias e mulheres no processo. Ao fazer isso,
surgirá uma forma mais pura de democracia.
Cabe-nos recordar que tudo está em constante mutação. Esta doutrina
de que tudo está num estado de mudança foi debatida até na era dos filósofos
clássicos gregos. O processo de mudança terá as suas armadilhas, e haverá ocasiões em
que será necessário avançarmos um passo adiante e dois passos para trás. Platão
resumiu esta doutrina muito claramente quando escreveu: "É impossível pisar duas
vezes no mesmo rio; as águas frescas estão sempre fluindo".
Além disso, não teremos uma democracia sustentada se não
enfrentarmos o problema da pobreza. Até quando os pobres de nosso hemisfério
continuarão a ouvir nossos líderes políticos e nossos formuladores de política
internacional debaterem inúmeras propostas sugeridas para aliviar a pobreza? Cabe
recordar que, quando as pessoas têm a percepção de que a ação é demasiado lenta,
elas querem realizar as suas próprias ações, o que pode levar à desestabilização e a
mudanças no padrão do desenvolvimento democrático. Os povos afligidos pela pobreza que
vivem em nossos países podem ser tão pobres como Jó, mas não tão pacientes!
Ao mesmo tempo, as instituições financeiras multilaterais também
têm um dever moral de proteger a democracia.
Muitos países pobres se tornam fortemente endividados porque as
instituições financeiras multilaterais concederam empréstimos volumosos há muito tempo
atrás aos regimes então despóticos, que não tinham interesse em promover a democracia.
Na realidade, essas instituições ajudaram a fortalecer esses regimes não-democráticos
que, depois de longos períodos de combate de parte de forças democráticas, foram
substituídos por governos democráticos. Hoje em dia, esses governos democráticos estão
sendo pressionados a pagar a pesada dívida. Aqueles que estão negociando o alívio da
dívida também têm seu desenvolvimento restringido devido a condições pouco razoáveis
impostas pelas instituições financeiras multilaterais condições que exercem
pressão sobre seus programas econômicos e sociais. Por não ser capaz de prover um
desenvolvimento rápido em beneficio de seu povo, a democracia em todos os seus aspectos
se vê ameaçada, porque pessoas impacientes podem voltar-se contra a própria democracia
que simpatiza com seus problemas. Assim, resta-nos perguntar se essas instituições
estão de fato cumprindo um mandato que visa à democracia, uma vez que o seu lento
processo de alívio da dívida para países pobres não está efetivamente ajudando a
trazer alívio rápido para essas democracias incipientes.
Senhor Presidente, ao considerarmos os termos da Carta Democrática
Interamericana, devemos também fazer uma firme declaração de que nenhum país que tenha
problemas políticos e econômicos com um outro deveria usar a sua influência
internacional para atrasar o desenvolvimento desse país. Pois, quando isto ocorre, o
país que pode ser afetado pela redução de investimentos e desenvolvimento econômico
poderá enfrentar desestabilização interna e externa e, em decorrência disso, seus
sistemas democráticos poderão ser prejudicados. A democracia deve ser abrangente, e
todos os nossos países, apesar de quaisquer diferenças que possam ter de tempo em tempo,
têm uma responsabilidade de assistir na proteção, desenvolvimento e expansão da
democracia de cada um.
Senhor Presidente, a Delegação da Guiana está comprometida em
trabalhar estreitamente com nossos colegas, Estados membros da CARICOM, bem como com
outras sub-regiões na conclusão da Carta proposta. Muito obrigado.
© 2001 Organización de los Estados Americanos
Departamento de Información Pública |