RELE condena recentes assassinatos de pessoas jornalistas nas Américas e exorta os Estados a prevenir, proteger e investigar atos de violência contra elas

18 de junho de 2025

Washington, DC — A Relatoria Especial para a Liberdade de Expressão (RELE) da Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) condena veementemente os recentes crimes e atos de violência cometidos contra jornalistas e profissionais da imprensa nas Américas durante o mês de maio. O Escritório insta os Estados a realizar investigações expeditas, exaustivas e imparciais; a julgar e sancionar os responsáveis; e a implementar medidas de proteção eficazes e imediatas para quem se encontra em situação de risco.

Entre abril e junho deste ano, a RELE conheceu, com preocupação, relatos sobre atos de violência contra a imprensa em diferentes Estados da região. No México, segundo informações públicas, em 15 de maio de 2025, José Carlos González Herrera, diretor da página informativa de Facebook El Guerrero, Opinión Ciudadana, foi assassinado em Acapulco, Guerrero. Duas pessoas não identificadas teriam disparado contra ele com uma arma de fogo. González Herrera usava a plataforma para denunciar atos de corrupção e dar visibilidade a situações relacionadas com a segurança cidadã, a violência institucional e questões de política local. Organizações da sociedade civil indicam que, em junho de 2023, ele foi vítima de um atentado similar na mesma cidade, quando foi atingido por tiros enquanto conduzia o seu veículo.

Além disso, em 20 de maio de 2025, a jornalista e fotógrafa Avisack Douglas foi assassinada. A jornalista foi ferida num ataque armado contra a sede de campanha de uma candidata à prefeitura em Juan Rodríguez Clara, Veracruz, e morreu devido aos ferimentos. Segundo relatos públicos, Douglas fazia parte da equipe de campanha como fotógrafa. A Procuradoria-Geral do Estado informou que identificou dois suspeitos do crime.

A RELE também expressa preocupação com as ameaças registradas entre abril e maio de 2025 contra Adela Navarro Bello, jornalista e codiretora do semanário ZETA em Tijuana, Baixa California, especializado em narcotráfico, corrupção e crime organizado. De acordo com denúncias públicas, a jornalista teria recebido ligações avisando-a para «tomar cuidado». De acordo com as informações disponíveis, esses fatos foram denunciados à Secretaria de Segurança Cidadã de Baixa California. A RELE toma nota da declaração da governadora do estado, que ofereceu acompanhamento e seguimento do caso para garantir a proteção da jornalista.

No Brasil, foi registado o assassinato do locutor Luís Augusto Carneiro da Costa, no dia 27 de maio, durante uma transmissão ao vivo do seu programa de rádio na emissora Guaranay FM, em Abaetetuba, Estado do Pará. De acordo com informações públicas disponíveis, um indivíduo desconhecido invadiu as instalações da emissora e disparou contra o locutor enquanto ele transmitia ao vivo. De acordo com relatos, os ouvintes teriam ouvido os tiros. Segundo informações obtidas por este Escritório, o jornalista morreu no local do crime.

De acordo com o Estado brasileiro, as autoridades do estado do Pará responderam imediatamente ao assassinato do locutor, iniciando investigações para identificar os autores materiais e intelectuais. Em 29 de maio, a Polícia Civil anunciou a prisão preventiva de Gleydon Moraes Queiroz, que confessou o crime. As investigações continuam para determinar a participação de outras pessoas e compreender os motivos do assassinato. Até o momento, não foi confirmado que o crime esteja relacionado à profissão da vítima.

Em Honduras, foram registados dois assassinatos de jornalistas. Em 1 de junho de 2025, o jornalista salvadorenho Javier Antonio Hércules Salinas, de A Todo Noticias (ATN), foi assassinado em Santa Rosa de Copán, no departamento de Copán. De acordo com as informações disponíveis, indivíduos desconhecidos que circulavam em uma motocicleta dispararam contra ele enquanto conduzia um veículo que utilizava como táxi, atividade que realizava de forma complementar ao seu trabalho jornalístico. Relatos públicos indica que, desde 2023, ele contava com medidas de proteção concedidas pelo Sistema Nacional de Proteção de Honduras, após ter recebido ameaças e ter sido vítima de uma tentativa de sequestro.

No mesmo dia, também foi registado o assassinato do jornalista Carlos Gilberto Aguirre, cronista esportivo, supostamente devido a um ataque com arma branca perpetrado por um indivíduo desconhecido, no município de Juticalpa, departamento de Olancho.

Esses relatos somam-se a outros assassinatos de jornalistas anteriormente registrados pela Relatoria nos comunicados R28/25, R29/25, R32/25, R56/25 e R109/25. Para fins de diagnóstico sobre a violência letal contra a imprensa na região, a RELE incentiva a consulta de todos os pronunciamentos vigentes de forma integral.

Diante dos fatos expostos, o Escritório recorda que o assassinato de jornalistas constitui a forma mais extrema de censura. Além disso, a violência contra a imprensa viola o direito das vítimas de expressar e divulgar suas ideias, opiniões e informações; gera um efeito intimidatório e de silenciamento entre colegas e afeta o direito das pessoas e da sociedade em geral de buscar e receber informações e ideias de qualquer tipo. De acordo com o Princípio 9 da Declaração de Princípios sobre a Liberdade de Expressão, é dever dos Estados prevenir e investigar esses atos, sancionar os responsáveis e garantir às vítimas uma reparação adequada.

A Relatoria reconhece as medidas adotadas por vários Estados para fortalecer os seus quadros normativos e a sua capacidade de resposta para a proteção dos jornalistas, considerando, entre outras, a ativação de iniciativas de cooperação técnica, o desenvolvimento de políticas públicas para a prevenção da violência contra jornalistas e a implementação de programas de formação.

Portanto, a Relatoria insta as autoridades competentes de Honduras, Brasil e México a realizar investigações exaustivas, diligentes e imparciais sobre os fatos apurados, bem como a identificar, julgar e sancionar os responsáveis por esses crimes. Da mesma forma, insta os Estados da região a adotarem as medidas eficazes, necessárias e imediatas para proteger os jornalistas em situação de risco, assegurando-lhes as máximas garantias para o exercício livre e seguro do seu trabalho.

A Relatoria Especial para a Liberdade de Expressão é um escritório criado pela Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) com o objetivo de estimular a defesa hemisférica do direito à liberdade de pensamento e expressão, considerando seu papel fundamental na consolidação e no desenvolvimento do sistema democrático.

No. R124/25

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